20170519_202157 (1)
Contribuir é uma obrigação para quem passou pela faculdade, expressa o jornalista Rodrigo Vargas.

 

Em relação ao conteúdo, as pessoas estão cada vez mais estão interessadas, lendo e compartilhando muita informação, buscando notícias profundas nas fontes alternativas. Esqueçam as notinhas ou noticiários do momento. O papel do jornalista é levar a informação mais apurada possível. Por isso não se atenham naquilo que a faculdade valoriza muito hoje, somente com os elementos básicos para estruturar um lead, (quem, quando, onde etc). Devemos analisar o factual e escrever sobre os futuros impactos na sociedade.”
Por Elaine Coimbra

Essas são as orientações que marcaram a abertura da roda de conversa com o roteirista, correspondente, editor, assessor,  jornalista Rodrigo Vargas, para os alunos do curso de  jornalismo da Universidade de Cuiabá (Unic), campus Beira Rio, Cuiabá-MT, dia 19 de maio de 2017.  O encontro organizado pelas professoras Adriele Rodrigues e Aliana Camargo, resultou em aprendizado e troca de experiência.

O Mineiro de 40 anos é jornalista desde 1997, conquistou espaço no mercado de trabalho, um ano antes da conclusão do curso de jornalismo (1998). Os primeiros textos de Vargas forma publicados na imprensa de Mato Grosso através do jornal Diário de Cuiabá. Mesmo convicto da vocação e tendo preparo técnico, também precisou superar expectativas no início da carreira. Como todo aluno recém- formado, Rodrigo explica, que o desafio naquela época foi trabalhar e conviver diariamente com o deadline, ou seja, tempo esgotado para finalizar uma matéria.

Um dos fatores fundamentais para ajudar o jornalista nesta etapa da produção é ter conhecimento profundo sobre o tema, “Se preparem, leiam muito, pesquise o assunto antes e não deixem para apurar na hora de começar escrever a matéria”, aponta Rodrigo. Como assessor de imprensa, por 06 meses, na Secretária Estadual de Segurança Pública de Mato Grosso, Vargas disse que não voltaria a exercer a função novamente, “não é minha praia”, mas reforça que adquiriu um novo olhar para os colegas de assessorias.

“A demanda é muito grande, todos os jornais ligam diariamente procurando informações e a assessoria precisa ter muita cautela com os dados que serão repassados, pois envolve vidas de famílias das vítimas, dos suspeitos e dos policiais. É um trabalho delicado. E ao mesmo tempo é uma escola para quem deseja o mundo da assessoria de comunicação”.

Agora para quem prefere ficar do outro lado, deste universo jornalístico, Rodrigo explica que, a imprensa ou jornalistas, antes de buscar informações diretamente nas assessorias, sobre determinado fato, é necessário checar primeiro se o fato é verídico. Neste caso, é importante valorizar o ensino da faculdade, checar para não errar e não perde tempo.  E um dos caminhos para ganhar tempo é ter conhecimento.

Os famosos e temidos estágios ou trainee são os primeiros passos. É natural ingressar no mercado com várias dúvidas e perguntas que a faculdade não pode responder. Daí, só com a mão na “massa” mesmo, onde o aluno conseguirá respostas e amadurecimento profissional.

Para se destacar como jornalista, Rodrigo reforça que é necessário perguntar. E, para elaborar perguntas ideais com o tema, só estudando. Um jornalista ‘bom’ faz bastante perguntas, quem assim não faz, não se preparou e o produto final com certeza será pobre. “O assunto está na frente dele (jornalista) e ele não consegue enxergar, porque não se preparou. Assim, não consegue reagir a uma resposta mal dada, nem se aprofundar no assunto. Por isso, nunca subestime uma pauta, estude sempre”.

Nestes quase 20 anos de carreira, Rodrigo Vargas, expressa os prazeres da profissão. Durante a produção de documentário ou  livro, como o recente, que traz o título ‘Andanças’, renderam à Vargas, muito trabalho e também momentos únicos. “Se você se permitir sair da zona de conforto, o jornalismo pode te dar experiências nunca imaginadas. Em minhas andanças, tive está  sensação por várias vezes que são muito positivas”, revela.

Rodrigo Vargas finaliza a roda de conversa declarando amor à profissão, o jornalismo é um “exercício de um olhar sobre as coisas”. Perguntado sobre a imparcialidade, pregada por alguns professores nos primeiros anos da graduação, ele diz que é impossível, mas que encontrou um caminho para ser mais justo com as publicações. “Sejam honesto com a apuração”, assim as chances de divulgar notícias equivocadas serão reduzidas.

20170519_202115
Diferente do que se vende hoje, Rodrigo, defende textos aprofundados.

Perfil

Rodrigo Vargas é natural de Minas Gerais, 40 anos, casado, jornalista desde 1997. Na imprensa de Mato Grosso, Trabalhou como repórter no jornal Diário de Cuiabá, nos sites Midianews e 24 Horas News, na revista RDM e ainda ocupou o cargo de Diretor de Jornalismo no Canal 17 (TV Cultura). De 2007 a 2011, atuou como correspondente do jornal Folha de S.Paulo nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Continua colaborador frequente do jornal e, desde 2012, também escreve para a revista Globo Rural, tendo participado principalmente do premiado projeto Caminhos da Safra. Em 2016, atuou na comunicação da Secretaria de Segurança Pública. Desde janeiro de 2017, integra a equipe pioneira do site O Livre, onde exerce o cargo de editor.