
O acesso à internet e às mídias digitais vem se expandindo ao longo dos anos e, com isso, surgem novos riscos e desafios. Visando orientar as crianças e adolescentes acerca dos diversos conteúdos disponíveis na rede e como lidar com eles, o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB) apresentou o Projeto de Lei nº 149/2017, que torna obrigatória a inclusão da “Educação Sócio-Digital” como tema especial e transversal no currículo do Ensino Fundamental e Médio em Mato Grosso.
Caso a proposta seja aprovada, todas as escolas públicas e privadas do estado deverão abordar o tema, que engloba discussões sobre a utilização da internet como meio de interação social e produção de conhecimento, a otimização das mídias sociais por meio do entendimento das opiniões individuais e a legislação existente.
A proposta prevê ainda a necessidade da conscientização dos estudantes mato-grossenses acerca de problemas graves surgidos nos ambientes sócio-digitais, como notícias falsas e sua identificação; mensagens ou correntes de mensagens que estimulem práticas maléficas à saúde e à sociedade; divulgação e conteúdo íntimo de outras pessoas e jogos sociais que influenciem seus participantes a realizarem atos contra sua própria saúde ou de outrem.
“O acesso a aparelhos celulares do tipo smartphones e à conexão de internet banda larga vem aumentando cada vez mais e, paralelo a isso, percebemos a ocorrência de problemas como o jogo da Baleia Azul, que tem levado adolescentes e jovens ao suicídio. Recentemente tivemos o caso de uma adolescente de 16 anos do município de vila Rica que teria tirado a sua própria vida por conta desse jogo e não queremos que aconteçam mais casos como esse”, salienta Maluf.
A ocorrência de jogos como o “Baleia Azul” e a gravidade de suas consequências tem preocupado pais e professores. Edu Arruda Neto, diretor geral do Instituto Cuiabano de Educação (ICE), relata algumas situações envolvendo alunos da unidade.
“Descobrimos dois alunos que estão participando do jogo ‘Baleia Azul’. Além disso, em anos anteriores, já tivemos casos de estudantes que entraram em sites anônimos para fazer bullying com outros colegas. Essas situações nos levaram a perceber como é importante debater questões envolvendo a internet e os conteúdos que são disponibilizados”.
Para evitar a propagação de ações e jogos negativos, a escola tem promovido palestras e discussões com pais e alunos.
“Abordamos o assunto de maneiras diferentes, levando em conta as idades dos alunos. Para os mais novos, realizamos palestras explicando o que eles devem fazer se forem convidados a participar desse tipo de jogo. Já com os alunos maiores, falamos de uma forma mais aprofundada, inclusive informando o que prevê a legislação brasileira”, explica.
Diante dessa realidade, Edu afirma que o projeto de lei apresentado por Guilherme Maluf é muito importante.
“Esse projeto é positivo em vários aspectos. Um ponto muito interessante é que ele não prevê a inclusão de uma nova disciplina, e sim de um tema especial e transversal, que pode ser trabalhado em diversas disciplinas e abordado em palestras, seminários ou da forma como a escola achar melhor. Assim, é mais fácil conquistar a atenção dos jovens. Torço para que o projeto seja aprovado imediatamente”, diz.
Conforme texto do projeto, o tema Educação Sócio-Digital deve ser trabalhada em todas as disciplinas, com preferência àquelas ligadas às ciências, história, geografia e artes. Caberá ainda ao Poder Público a responsabilidade de realizar oficinas de qualificação de docentes para aplicação do tema em sala de aula.
Números
Em 2015, o percentual de pessoas que acessaram a internet alcançou 57,5% da população de 10 anos ou mais de idade, o que corresponde a 102,1 milhões de pessoas. É o que mostra o Suplemento de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O contingente formado pelos jovens de 18 ou 19 anos teve a maior proporção (82,9%). Em todos os grupos compreendidos na faixa de 10 a 49 anos de idade, o uso da internet ultrapassou 50%.
A pesquisa aponta ainda que o celular já se consolidou como o principal meio para acessar a internet no Brasil. Em 2015, 92,1% dos domicílios brasileiros acessaram a internet por meio do telefone celular, enquanto 70,1% dos domicílios o fizeram por meio do microcomputador. Em 2014, o acesso à internet (80,4% dos domicílios) por meio do celular também foi predominante em relação ao uso do computador (76,6% dos domicílios).
Da Assessoria 1ª Secretaria / RENATA NEVES
